Muito se descreve sobre a falta de leite materno ou pouca produção, mas nem sempre a hiperprodução é lembrada. É bom ter muito leite materno? Será?
Sabe-se que nos primeiros 2 meses há um descompasso entre produção e demanda, sendo comum a mãe produzir mais leite do que o bebê necessita. Após esse período, existe uma equalização entre consumo e produção.
No entanto, quando isso não acontece e uma mãe produz mais leite do que o bebê precisa, pode ser que as mamadas tornem-se estressantes e desconfortáveis para o bebê e a mãe.

O quê é e como tratar a hiperlactação?
Seu bebê costuma engasgar constantemente durante a mamada? Fica nervoso e parece brigar com o peito? Seu peito vive sempre cheio e toda vez que seu filho solta o peito no meio da mamada você vê um grande jato de leite saindo? Então você pode estar experimentando um excesso de produção de leite materno, a chamada hiperlactação.
De acordo com a ABM - Academy Of Breastfeeding Medicine, a hiperlactação é definida como o excesso de produção de leite materno, com oferta acima do que o bebê necessita para um bom crescimento.
Para compreender melhor o quadro utilizaremos uma metáfora: imagine que você está num dia corrido, sem tempo para tomar uma refeição completa e passa o dia beliscando. Desta forma, você provavelmente chegará a noite irritada, e desejando fazer uma refeição completa, com arroz, feijão, etc.
Para o bebê, consumir todas as fases do leite materno é o equivalente à sua refeição completa. É disso que ele precisa em toda mamada para se sentir satisfeito e descansar bem! No entanto, devido à hiperlactação ele não consegue chegar ao leite posterior, ficando irritado, de barriga cheia, mas nutricionalmente insatisfeito.
Sinais de hiperlactação
Quando uma mãe produz mais leite que o necessário, é possível observar alguns sinais e comportamentos no bebê:
A mãe percebe que as mamas ficam sempre muito cheias e vazando.
O leite esguicha do seio.
O bebê parece “brigar” com o seio durante a mamada.
Frequentemente o bebê se engasga principalmente no início das mamadas.
O bebê pode chorar muito ao longo do dia, ficando irritado parecendo estar sempre com algum desconforto.
Pode haver dificuldade de ganho de peso do bebê ou ganho excessivo de peso.
As fezes são verdes e/ou espumosas.
Excesso de gases, secundário a deglutição de ar durante a mamada “inquieta”.
Regurgitação excessiva.
A mãe pode ter freqüentemente os canais obstruídos, que podem se transformar em mastite.
É importante frisar que estes sinais podem ser facilmente confundidos com outros diagnósticos, como a APLV (alergia a proteína do leite de vaca) por exemplo, além da doença do refluxo gastroesofágico. Por isso, é muito importante o seguimento regular com o pediatra.
Como tratar a hiperlactação?
Caso alguns destes comportamentos acima lhe pareçam familiares, pode ser que você esteja sofrendo de hiperlactação. A boa notícia é que, felizmente, a produção da maioria das mães superprodutoras se equilibra por volta do terceiro mês de aleitamento materno.
Algumas poucas continuam com a hiperprodução além dessa idade. Em qualquer caso, pode ser controlada seguindo algumas medidas simples, como:
Escolher a melhor posição para amamentação que maximize a drenagem das mamas (teste posições como recostada, cavalinho, deitada de lado, sling. Posturas com o dorso mais vertical ajudam diminuir as chances de engasgo).
Massagear as mamas apoiando com a mão para esvaziar parte do leite anterior (prepare a aréola deixando ela bem macia com massagem e se for preciso ordenha).
Usar uma compressa fria de 1-2 min antes de ofertar a mama ao bebê, pode ajudar a melhorar a sensação de inflamação da mama e facilitar a pega.
Deixar o bebê mamar a primeira mama até o final (garanta que ele mame do seio bem flácido. Se ele mamar até soltar o seio, mas em poucos minutos solicitar o peito novamente ofereça o mesmo lado).
Não pular mamadas.
Evitar estimular e manipular mamas em excesso (só ordenhe caso sinta muito desconforto, usando preferencialmente a ordenha manual. Nesse caso não ordenhe muito, pois isto arriscaria estimular o peito produzir ainda mais leite).
No banho, usar água quente, mas sem estimular demais, pois a manipulação aumenta a produção do leite.
No caso de continuar a ter dificuldades pela hiperlactação, não duvide em procurar ajuda de uma consultora de amamentação. Não pense que será um gasto, será um investimento em qualidade de vida para você e o seu bebê!
Melhor publicação que já vi na Internet... Parabéns